quinta-feira, 11 de junho de 2009

Crime e Penitência (Lilith VII)











Neste exato momento existem no mundo, aproximadamente, seis biliões oitocentos e setenta e sete mil e vinte pessoas. Um pouco mais, um pouco menos. E eu só preciso de uma para ser feliz.
Como eu queria voltar ao passado e modificar o meu futuro. Eu, com certeza faria tudo diferente. Aquele Setembro negro seria diferente, tal como o Fevereiro. Mas não existe essa opção. Agora o que me resta está a minha frente, mesmo que na escuridão. Sinto como se eu caminhasse numa noite sem luar, por uma ponte de cordas e tábuas bambas sobre um abismo escuro. Parece que esse lugar existe dentro do frio inverno do meu coração.
A noite me deito olhando para o teto e deixo as horas passarem. Mas elas não passam. Meus pensamentos me traem e me levam a épocas e lugares proibidos. Companhias que não me pertencem mais, me fazem viver sentimentos que já eram para estar extintos. Sinto cheiros, provo gostos, experimento toques. Tudo isso acompanhado de uma melodia tão linda quanto triste, que é impossível não encher os olhos d'água até que se transborde em lágrimas. Não tenho previsão de cura para esses sintomas. Não quero contaminar a outros, então me fecho em minha concha. Meu mundo se dobra encima de mim. Não me deixa respirar outros ares, me afoga em seus mares. Não conheço o mundo em que vivo, e quanto mais descubro, manos gosto do que vejo.
Que sentido faz essa existência mediucre aqui, se com tantas pessoas por ai, só uma pode me resgatar e me levar para longe daqui? Que sentido tem, se eu já conheço, porque já provei sua existência? Mas agora a proibição néga a minha paixão. Se eu cometi algum crime grave para merecer tal castigo, a qual deus posso pedir perdão? Me digam qual sentença; Me dêem doze trabalhos; Me obriguem a escalar a mais alta das montanhas e encontrar a rosa mais rara ou o santo sudário. Mas não me deixem caminhar mais uma dia só, sem respostas nesse triste cauvario.
Ta ficando difícil suportar. Ta ficando impossível respirar. A escuridão pretende me tomar, e eu já não sei quanta força me resta para lutar.


"Onde estão meus anjos? Preciso deles.


Jorge Lobo





Um comentário:

Anônimo disse...

Qual Crime? Qual penitencia? Post de uma tristeza sepucral ... quase gothic ... parece que ouço ao fundo um lobo uivando ... triste ... cadê a esperança???